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Foto do escritorFlávia Oliveira

A influência do marketing no sucesso dos universos cinematográficos Marvel e DC


Na época de faculdade, eu participei do projeto de iniciação científica.

Neste projeto eu analisei a influência da minha área de trabalho, o marketing, sobre os universos cinematográficos da Marvel e DC, usando como parâmetro as redes sociais, o engajamento das marcas, seus portfólios de produtos e até mesmo algumas características das personalidades das personagens.


O trabalho foi finalizado em 2017. O tempo passou, me formei na faculdade, criei o site, as redes sociais, continuei procurando sobre o assunto e um dia desses me deparei com esse tweet :

Créditos: twitter @herois_da_tv

A partir disso, decidi abordar o assunto novamente mas dessa vez atualizado, visto que desde a última vez que escrevi sobre o tema, vários filmes relevantes do gênero ainda não haviam sido lançados, como Guerra Infinita (2018), Ultimato (2019), o Batman ainda era o Ben Affleck e o mundo não estava completamente parado por conta da pandemia, então vamos começar explicando algumas coisinhas:


- A criação das histórias em quadrinhos aconteceu muito perto do cinema: as hq’s em 1895 e o cinema em 1889. Com o tempo, ambos se tornaram um meio de comunicação em massa.


- Os dois tem algumas características em comum: enquadramentos, histórias em frames, iluminação, profundidade, sobreposição de quadros e modos sutis de se indicar que uma ação está prestes a acontecer, o chamado recurso de expressão. Quer ver um filme que usa características dos quadrinhos? Cidadão Kane (1941). Sim, o mesmo filme que é considerado o melhor de todos os tempos.


Entre todas as empresas que já fizeram quadrinhos, duas se destacam:


Marvel Comics


A Marvel foi fundada em 1934 por um editor de revistas de faroeste chamado Martin Goodman. Atualmente é considerada a maior produtora de quadrinhos do mundo.

O primeiro herói da empresa chegou em 1930, chamado Tocha Humana. Também é da Marvel o primeiro super herói patriota: Capitão América. Todo fã de histórias em quadrinhos sabe que a história da Marvel mudou para sempre após a contratação de Stanley Lieber em 1939. Você deve conhecê-lo pelo nome que ele assinava em suas histórias: Stan Lee.


Stan Lee foi o responsável pela criação do Homem Aranha, X-Men, Vingadores, Homem de Ferro, Hulk e Quarteto Fantástico, nos anos 60. Uma das principais características dos personagens da Marvel são a humanização das personagens: ao invés de heróis inalcançáveis e perfeitos, todos eles possuem defeitos, inseguranças e problemas em suas vidas normais.


Após o fim da guerra, as histórias de heróis perderam a sua popularidade e a Marvel, que até o momento ainda se chamava Timely Comics, mas no final da década de 50, voltaram a ser queridas pelo público.


Passou por um problema financeiro na década de 90 em que precisou revitalizar as histórias da empresa e começaram a se preparar para lançar filmes de sucesso.


Em 2002 conseguiram um grande sucesso com o lançamento do primeiro filme do Homem Aranha, mas deram a verdadeira volta por cima com o Homem de Ferro (2008).


Em 2009, a Marvel Entertainment foi comprada pela Disney, por 4 bilhões de dólares e a empresa passou a ser responsável pela produção dos projetos cinematográficos.


Não é segredo para ninguém que os filmes da Marvel são divididos por fases: atualmente estamos na fase 4, após o fim de Ultimato. É a franquia mais rentável da história do cinema e arrecadou ao longo de seus 23 filmes uma quantia impressionante de US$ 22.587.809.615,00.


Confira aqui fotos de alguns dos filmes da Marvel:


DC Comics


A primeira produtora de quadrinhos de super heróis foi a DC Comics, fundada em 1933 por Major Malcolm Wheeler-Nicholson, que no início, produzia histórias com animais falantes engraçados e histórias de faroeste. A história dos quadrinhos de heróis mudaram em 1938, quando Jerry Siegel e Joe Shuster criaram o Superman, que apareceu na revista ActionComics #1 e foi um sucesso logo na primeira semana, com uma tiragem de 200 mil cópias. O personagem foi inspirado em uma revista lançada em 1933, por Siegel e Shuster, intitulada “The ReignofSuperman” (O reino do Super Homem), no qual o Superman é um vilão com poderes psíquicos e com o poder de controlar o mundo. Ironicamente, o personagem principal, o Super Homem do conto foi a principal inspiração para o rival mais antológico do herói, Lex Luthor. O termo “super-herói” teve início após a popularização do Superman.


A criação do Superman também deu origem a chamada “Era de Ouro dos Quadrinhos” graças ao aumento gigantesco das vendas e também da popularidade imensa do personagem. Para aproveitar a fama, foram criados na mesma época personagens como o Batman e a Mulher Maravilha.


Assim como a Marvel, a DC também teve que mudar um pouco o rumo de suas histórias, reduzindo tiragens de histórias de super heróis, mas, também foi a responsável pela volta da popularidade do gênero, com a criação da Liga da Justiça e também em outros meios de comunicação graças a icônica série do Batman.


É da DC o primeiro filme do gênero e também o primeiro filme de herói a ganhar o Oscar, Superman (1978), estrelando o ator Christopher Reeve, que por enquanto, é o ator a interpretar mais vezes um super herói em um filme solo, ao todo 4 vezes.(futuramente dividirá o título com o Chris Hemsworth como Thor).


O Universo Cinematográfico da DC abrange os filmes que foram feitos desde O Homem de Aço (2013) até então. É a décima franquia mais rentável do cinema, acumulando US$ 5.458.844.172. A franquia do Batman também está na lista e rendeu US$ 5.987.908.348.


Vale lembrar que nem a Trilogia do Cavaleiro das Trevas e nem Coringa (2019) entram no Universo DC


Confira alguns filmes do Universo DC:



É realmente surpreendente que a empresa pioneira no ramo não seja a campeã absoluta de bilheterias não é? Então eu fiz alguma análise dos fatores que influenciam o sucesso dos filmes de ambas as empresas a partir do meu ramo, o marketing.


Vamos lá:


A influência do marketing no sucesso dos universos cinematográficos Marvel e DC


Eu sempre comento com vocês que eu acho que a Disney e a Marvel são empresas com gênios do marketing e vou explicar:


Quando se assiste a um filme da Marvel é perceptível que a empresa tem como meta agradar o maior número de público possível. A intenção é que pessoas com várias idades, orientação sexual, raça, classe social, gostos e experiências de vida podem se sentir confortáveis ao assistir aos filmes. A empresa também ouve o público, principalmente da internet, ao inserir personagens com representatividade em seus filmes. Isso é uma coisa que toda empresa deveria fazer: ouvir os clientes, saber o que eles desejam de fato e se adaptarem.


A Marvel também tem um investimento gigantesco em marketing, seja fazendo parcerias com outras empresas para aumentar o catálogo de produtos (já vimos lanches, refrigerantes, baldes de pipoca, copos, roupas e mais uma infinidade de produtos com os personagens – praticamente todos são frutos de parcerias) ou em suas peças publicitárias muito bem executadas, que causam diversas reações no público como nostalgia, ansiedade e o essencial: curiosidade.


Quando esses trailers, cartazes ou fotos geram a tal curiosidade e fazem com que os fãs criem relações e teorias ao redor da peça publicitária nova, trazem um engajamento enorme para a empresa e, por incrível que pareça, é meio passo para a realização da venda não apenas do ingresso, mas também de algum produto relacionado.


Um dos casos mais marcantes, na minha opinião: quando o primeiro trailer de Vingadores: Ultimato (2019) foi lançado. Para quem não lembra, o pequeno vídeo mostrava um Tony Stark perdido no espaço, sem conseguir voltar para a Terra após a derrota contra Thanos.


O caso gerou TANTO engajamento que até a própria NASA criou uma postagem relacionada ao filme, como vocês podem ver aqui:

Tweet da NASA para a Marvel

Tradução - "Ei, Marvel, ficamos sabendo de Tony Stark. Como sabemos, a primeira coisa a fazer é ouvir na central de controle para "Vingadores, temos um problema." Mas se ele não puder se comunicar, então nós recomendamos aos times terrestres que usem todos os recursos para escanear o céu em busca de seu homem perdido."


Em suma, posso afirmar que a Marvel faz um investimento tão grande nesse setor que até os personagens mais desconhecidos da empresa conseguiriam um desempenho bom em bilheterias, devido ao talento da equipe de marketing.


Agora falando sobre a DC:


Como profissional de marketing, meu sonho seria trabalhar pelo menos uma vez na vida com as marcas dos heróis da DC. Conhecidos por praticamente o mundo todo, até por quem nunca viu um filme ou seriado, o potencial dos personagens é poderoso, ouso dizer que até mais que a Marvel. Se bem usado, não teria franquia cinematográfica no mundo que pudesse competir com a DC.


Porém, nós que estamos vendo o destino do Universo DC sabemos que as coisas não estão funcionando dessa maneira. Os vários problemas com os atores (um tal de sai ator, entra ator) e as constantes edições da Warner, que acabam modificando os filmes a fim de tentar deixá-los mais curtos e até mesmo mais comerciais acabam deixando a imagem da empresa desgastada, demonstrando uma incrível falta de planejamento e incapacidade de conter as polêmicas. Obviamente isso interfere na divulgação do filme, afinal, quando o filme já passa por tantas dificuldades na produção, é muito difícil que o resultado seja bom.


Outro problema que eu vejo na empresa é a falta de comunicação com os fãs, como por exemplo no infame caso Jared Leto como Coringa em Esquadrão Suicida (2016). A imagem promocional do ator foi divulgada, criticada por uma grande maioria e mesmo assim insistiram. O filme foi um fiasco na crítica (por esse e outros fatores), o que influenciou, por consequência, o desempenho de Aves de Rapina (2020) e provavelmente influenciará a continuação.


Quanto às peças publicitárias, também vejo um problema em criar o engajamento necessário para atrair o público, quase como se falassem “vocês já conhecem o Batman/Superman, não precisa explicar mais”. Isso seria verdade se a intenção principal da peça não fosse a venda de um produto. Acredito que as peças poderiam explorar mais o potencial dos personagens e as características que os fizeram ser amados pelo público, como por exemplo o Superman: um dos personagens mais carismáticos da história, o maior símbolo possível da bondade e cadê essa característica nas peças? Também poderiam ter feito mais parcerias para a divulgação dos filmes e aumentar a visibilidade das personagens.


É claro que tem exceções: Mulher Maravilha, Aquaman. As peças publicitárias desses filmes fazem exatamente o oposto dessas que eu critiquei acima: exaltam as qualidades das personagens, ajudam a inserir o público no contexto histórico desejado (como os pôsteres de Mulher Maravilha 84, que criam uma atmosfera anos 80), criam um novo catálogo de produtos para os filmes e geram o engajamento necessário para que o público sinta vontade de ir ao cinema. E os resultados apareceram: esses filmes foram sucesso de bilheteria e crítica.


A nova estratégia é lançar filmes que não pertencem ao Universo, como Coringa (2019) e a nova Trilogia do Batman. Até então, o resultado foi proveitoso: Coringa teve uma boa campanha de marketing, bem forte e condizente com o personagem. É uma estratégia que necessita de cuidados, visto que poderá confundir a cabeça dos espectadores: “afinal esse filme faz parte do Universo ou não?” “qual desses é o verdadeiro Batman?” (problema que eu já comentei aqui no site, vou colocar o link lá no fim do post).


Não existe nenhum problema na DC que não possa ser resolvido e eu acredito que com um maior investimento no marketing, várias situações poderão ser melhoradas na empresa. Como eu já disse, eles tem em suas mãos personagens muito valiosos. Só precisa de um bom uso.

E você, o que acredita ter sido o fator que deixou os heróis da Marvel mais populares que os da DC?

Espero que tenham gostado!

Fontes:

Minha iniciação científica

O post do Batman que eu comentei -

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