Em 1946, chegava aos cinemas o filme "Os Melhores Anos de Nossas Vidas" dirigido por William Wyler. Considerado como um dos melhores filmes dos anos 40, conta a história de três veteranos da Segunda Guerra Mundial voltando para casa no pós guerra e cada um precisando lidar com uma dificuldade para se adaptar a uma nova realidade.
Vencedor de sete Oscars, incluindo Melhor Filme, Melhor Ator para Fredric March, Melhor Diretor e como contarei agora, dois Oscars para Harold Russell. Um como Melhor Ator Coadjuvante e um Oscar Honorário.
Ele nunca havia sonhado em ser ator, nem mesmo queria ser famoso. Harold Russell passou a servir no exército norte americano e um pacote de TNT explodiu fazendo com que ele perdesse suas duas mãos. Por conta disso, apareceu em um documentário sobre veteranos da guerra em reabilitação. O diretor William Wyler, que queria fazer um filme no qual um dos personagens era um veterano de guerra com uma deficiência física, assistiu ao documentário. E assim decidiu ao lado do roteirista Robert Sherwood escalar Harold Russel para Os Melhores Anos de Nossas Vidas.
No filme ele interpreta o veterano Homer, que tem dificuldades de se adaptar a sua nova realidade e se preocupa com o modo que as pessoas olham para ele, preocupação essa que se estende a sua noiva, o que causa uma grande tensão entre os personagens.
Acredito, falando apenas da minha opinião, que um dos melhores aspectos desse filme seja o fato de não transformar os veteranos da Segunda Guerra Mundial em heróis imbatíveis e sim em seres humanos carregando os traumas causados pela morte e destruição de um grande conflito.
Segundo William Wyler, ele instruiu Harold Russell de modo que ele entendesse o que o personagem estava pensando ao invés de focar em suas falas e ações. Por estar interpretando alguém com problemas tão semelhantes aos seus, sua interpretação é comovente e muito interessante de assistir.
"Os Melhores Anos de Nossas Vidas" foi um grande sucesso de crítica e bilheteria e, como eu disse anteriormente, fez a limpa no Oscar levando sete estatuetas. Além de seu Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, Harold Russell levou o prêmio honorário por "trazer ajuda e conforto aos veteranos deficientes através de filmes".
Além de ser o primeiro ator com uma deficiência a vencer o Oscar, até hoje é o único a ter levado duas estatuetas por um mesmo papel.
Mesmo com todo esse prestígio, Harold Russell decidiu não seguir a carreira de ator e se tornou um ativista para as pessoas com deficiência na América, sendo o Presidente do Comitê Presidencial de Emprego de Deficientes.
Ele faleceu no dia 29 de janeiro de 2002 aos 88 anos em Needham, Massachusetts.
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