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Foto do escritorFlávia Oliveira

A história de quando os nazistas perseguiram o Clark Gable


Quando pegamos um filme dos Estados Unidos com o tema da Segunda Guerra Mundial, fica claro o posicionamento não só do país, mas como também dos estúdios e atores em relação à guerra e, em especial ao nazismo, um ódio profundo. Mas acreditem em mim, a coisa não foi sempre assim.


Conforme o livro que eu estou lendo, “O pacto entre Hollywood e o Nazismo: Como o cinema americano colaborou com a Alemanha de Hitler”, de Ben Urwand, os grandes estúdios norte-americanos não só fizeram vistas grossas para as atrocidades nazistas como até mesmo criaram um tipo de censura para que a maior parte de seus filmes pudessem ser exibidos na Alemanha Nazista, uma grande consumidora dos longas-metragens. O líder do partido, Adolf Hitler, adorava as produções hollywoodianas, por acreditar na superioridade dos atores em relação aos profissionais alemães e as assistia com frequência, chegando a comentar cada filme e colocá-lo em uma escala, que ia de “bom”, “ruim” ou “desligado”


O ministro da propaganda do partido, Goebbels, procurava em cada um dos filmes um meio, uma tática para que pudesse aplicar em cada um das peças de propaganda nazista e assim fazer sucesso com o público alemão. Como eu já contei para vocês, existiram casos em que as produções americanas irritaram muito os nazistas, como o clássico Sem Novidades no Front, de 1930 (eu já escrevi sobre esse filme no site e você pode ler aqui: https://flaviamoliveira.wixsite.com/marketingcinemaacao/post/sem-novidade-no-front-o-filme-que-enfureceu-a-alemanha-nazista), mas a grande maioria dos outros filmes precisaram ser aprovados pelos censores alemães para serem exibidos, garantindo que a ‘imagem alemã’ não fosse nem um pouco manchada. Cerca de 400 filmes passaram por esse processo.


Mesmo com o começo da guerra, em 1939, os grandes estúdios americanos mantiveram o trato com os alemães, adotando uma postura neutra e entrando oficialmente ao lado dos Aliados apenas após o ataque à Pearl Harbor, em dezembro de 1941. Então, os Estados Unidos e a Alemanha se tornaram inimigos e os filmes refletiam a situação.


Precisamos falar sobre o Clark Gable


Se fosse necessário definir o homem dos anos 30, o “Rei de Hollywood”, título que foi concedido por seus fãs fiéis, definitivamente teve seu reinado absoluto. Másculo, de voz forte e presença marcante, Clark Gable participou de grandes produções nessa década, como Aconteceu Naquela Noite (1934), filme que lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator, O Grande Motim (1935), San Francisco (1936) e é claro, E o Vento Levou (1939). Ele era tão influente que, ao aparecer sem camisa em Aconteceu Naquela Noite, os vendedores de camisetas masculinas dos Estados Unidos registraram uma queda absoluta nas vendas. Chegou até mesmo a ganhar uma música da Judy Garland, chamada “Dear Mr. Gable” (sim pessoal, a Judy Garland foi quem inventou as fanfics). Alías, se vocês procurarem pela internet, ainda vão encontrar muitas pessoas usando o nome da música para se referir ao ator.



Se a vida profissional trouxe muitas alegrias a Clark Gable, no final da década ele também encontrou a felicidade no amor, ao se casar com a atriz Carole Lombard, com quem contracenou no filme Casar por Azar (1932). Carole era muito divertida, descontraída e não tinha papas na língua. Era claro como o ator a adorava, e eles eram um lindo casal feliz, como você pode ver nessa foto aqui:

Clark e Carole

Porém, após três anos de casados, em 1942, Carole sofreu um acidente de avião ao participar de uma campanha para conseguir bônus de guerra para o exército, a primeira campanha do gênero em Hollywood, e faleceu aos 32 anos.


Totalmente devastado pela morte da amada esposa, os amigos do ator afirmaram que Clark Gable nunca mais foi o mesmo após o acidente, sequer deixando a casa onde os dois viveram.


O ator, que até então era o presidente do Comitê de Hollywood para a Vitória, decidiu se alistar para a Segunda Guerra Mundial, indo para a Europa, para o 351º Grupo de Bombardeio.

Clark Gable com seu uniforme.

Como eu contei para vocês lá no começo, Hitler tinha fascinação por cinema: amava o Mickey e os filmes da Claudette Colbert, do Gary Cooper, do Gordo e Magro e tinha como ator preferido... sim, ele mesmo: Clark Gable.


Ao descobrir que Gable estaria na Europa, o líder nazista passou a oferecer recompensas milionárias para quem conseguisse capturar o ator (com vida, obviamente). Hitler escrevia cartas e cartas para os oficiais exigindo que Clark Gable fosse, de qualquer forma, pego pelos nazistas.


Essas cartas agora estão com a família do ator, que contou que um dos planos de Hitler era fazer com que Clark participasse dos filmes de propaganda alemães, acabando com o espírito dos americanos,que veriam seu grande ator envolvido com os nazistas. Uma das justificativas de Hitler era de que Gable era descendente de alemães.


Acontece que o ator era um bom piloto. Seus companheiros afirmavam que ele era tão destemido que até parecia estar procurando a morte. Participou de várias missões e ganhou a Cruz de Distinção em Vôo. Sua determinação e coragem ao pilotar aviões fez com que o estúdio em que ele trabalhava, a MGM, entrasse em verdadeiro desespero que ele de fato se matasse em alguma das missões e começou a tentar fazer com que Clark Gable voltasse para a casa. Ele foi promovido a Major em 1944, e pediu dispensa do serviço. Após férias, ele voltou ao cinema em 1945, com o filme Aventura, ao lado de Greer Garson.


O plano de Hitler de capturar o ator fracassou, a Alemanha perdeu a Guerra e Clark Gable continuou sua carreira no cinema. O site Aventuras na História afirmou que o ator teve pesadelos constantes com medo de ser capturado pelos alemães, mas eu não achei nenhum outro lugar que confirmasse essa afirmação.


O último filme dele foi Os Desajustados (1960), que também foi o último longa da Marilyn Monroe.


Clark e Marilyn

Clark Gable faleceu em 16 de novembro de 1960, aos 59 anos, após um ataque cardíaco e foi enterrado ao lado de sua amada terceira esposa Carole Lombard.

Espero que vocês tenham gostado da história!


Fontes:


O pacto entre Hollywood e o Nazismo: Como o cinema americano colaborou com a Alemanha de Hitler”, de Ben Urwand.


(olha pessoal, tem algumas coisas nesse site que eu não sei se são verdade...)



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