Em algum lugar além do arco-íris, 80 anos atrás, chegava aos cinemas um clássico: o Mágico de Oz
O filme conta a história da jovem Dorothy Gale e seu amado cachorro Totó, que tem sua casa no Kansas levada por um tornado a uma terra mágica e para retornar ao seu lar, precisa da ajuda de um mágico. Para chegar até lá, precisa atravessar uma estrada de tijolos amarelos junto de novos amigos: o Leão, o Espantalho e o Homem de Lata, que também tinham pedidos a fazer para o Mágico: coragem, um cérebro e um coração. É claro que existem maiores complicações: a menina é seguida pela Bruxa Má do Oeste, já que sua casa acidentalmente matou a outra irmã, a Bruxa Má do Leste.
Um dos filmes mais relevantes e marcantes da cultura mundial, O Mágico de Oz está cercado de simbologias, significados e curiosidades interessantes que vou contar agora:
- É uma adaptação do livro de 1900. Coincidência: queriam dar um aspecto decadente ao Mágico, e a equipe foi a um brechó e comprou todos os paletós do lugar. Repararam então que um deles tinha uma etiqueta escrita L.Frank Baum, que era o escritor do livro.
- O diretor Victor Flemming também foi o diretor de outro clássico que completa 80 anos em 2019: ... E o Vento Levou. George Cukor também dirigiu pedaços de ambos os filmes, mas não foi creditado em nenhum deles.
- Por ter sido lançado 3 anos após a grande exposição surrealista do Museu de Arte de Nova York, o filme tem fortes traços do movimento.
- Em um comparativo a outros trabalhos da época, o G1 estabeleceu um paralelo entre O Mágico de Oz e As Vinhas da Ira, do mesmo ano. Em ambos os filmes, os protagonistas saiam do lugar em que estavam em busca de um lugar melhor.
- Apenas 2 anos antes, em 1937, um outro morador célebre do Kansas criado por fazendeiros aparecia como o conhecemos hoje: Clark Kent.
- Por falar em Clark, Judy Garland já era contratada pela MGM desde 1935, porém chamou a atenção dos chefões interpretando uma adolescente apaixonada por Clark Gable, cantando a música (Dear Mr Gable) You Made Me Love You. A atuação foi tão aclamada que ela começou a ganhar papéis maiores.
- Uma das metáforas do filme seria o fato de tanto Dorothy quando o Mágico conseguirem alcançar status de heróis graças a acidentes. Era uma “alfinetada” aos regimes nazistas e fascistas que tomavam destaque na política mundial em 1939.
- Apenas as cenas em Oz são coloridas porque sairia muito caro gravar todo o filme em Technocolor. Graças a isso, a impressão que pode ser passada é a magia da terra de Oz em contraste com a vida monótona de Dorothy no Kansas.
- A canção mais famosa do filme (e talvez a mais famosa do cinema) Somewhere Over The Rainbow, quase não apareceu na edição final.
- Existe uma teoria de que, se você ouvir o disco The Dark Side of The Moon, do Pink Floyd ao mesmo tempo em que assistir ao filme, verá que as músicas e as cenas coincidirão. Se quiser fazer o teste em casa, basta colocar o álbum para tocar no terceiro rugido do Leão da MGM.
- Também temos uma lenda urbana envolvendo o filme: conta a história que um dos Munchkins (anões de Oz) teria se suicidado durante as gravações e seu corpo pendurado em uma árvore apareceu no filme acidentalmente. O estúdio afirma que a imagem era um guindaste, mas na remasterização, a imagem simplesmente sumiu. Achei um vídeo aqui, veja e tire suas próprias conclusões:
- No dia em que Judy morreu, houve um tornado no Kansas. Também existe uma teoria em que no tornado do filme, mostra um calendário na data da morte de Judy: 22 de junho, mas não consegui achar a foto que confirma o fato.
- Ainda achei uma teoria que o filme trata sobre ocultismo e religiões ocidentais e orientais, que está nesse site aqui: http://cinegnose.blogspot.com/2013/05/as-raizes-ocultas-do-filme-o-magico-de.html
- A filha de Judy, Liza Mineli foi casada com o filho do Homem de Lata, Jack Haley Jr.
- O filme não foi um sucesso nos Estados Unidos na época do lançamento e só se tornou um sucesso quase 10 anos depois. No Brasil, em compensação, o filme foi popular desde o primeiro lançamento.
- Apesar do ar meigo e doce do filme, as filmagens foram pesadas especialmente para Margaret Hamilton, a Bruxa, que sofreu queimaduras de terceiro grau em uma explosão no set. Ela estava usando uma maquiagem a base de cobre e precisou usar solvente para removê-la, o que causou mais dores ainda. A maquiagem pesada ainda causou problemas a Ray Bolger, o Espantalho, que ficou com marcas por pelo menos um ano. Judy Garland também precisou usar um espartilho para esconder o corpo, já que interpretava uma menina de 10 anos. Também usaram amianto, que é uma substância tóxica como neve no filme.
- O filme caçoava de acadêmicos (substituindo o cérebro do espantalho por um diploma superior) e de soldados (quando o Mágico afirma que um soldado só aparece uma vez no ano e não tem mais coragem que você). Uma das outras citações (uma das minhas favoritas) é quando o Espantalho fala que muita gente não tem cérebro e fala do mesmo jeito.
- Lembra do clipe Na Sua Estante, da Pitty? O robozinho é o Homem de Lata com o relógio que o Mágico o presenteou . Goodbye to Yellow Brick Road, do Elton John também é uma referência ao filme.
- Judy Garland ganhou um Oscar em miniatura por esse filme. Ela também esteve envolvida no que alguns consideram uma das maiores injustiças da premiação, quando perdeu o prêmio de Melhor Atriz por Nasce Uma Estrela (1954) para Grace Kelly em Amar é Sofrer (1954).
- Os icônicos sapatinhos vermelhos iam ser prateados, mas o diretor achou que vermelho ficaria melhor. Vários sapatos foram usados e descartados. Um foi roubado, outro acabou pertencendo a Debbie Reynolds (de Cantando na Chuva), mas o original está no museu Smithsonian, nos EUA.
- O vestido da Bruxa Boa do Sul já havia sido usado no filme San Francisco (1936).
- Todos os personagens principais que estavam em Oz aparecem no Kansas no final do filme, quando Dorothy “acorda”.
- Não havia muita tecnologia na época, então os produtos e roteiristas abusaram da criatividade: desde pintar cavalos com gelatina em pó até criar um tornado usando meia calça.
Inovador, criativo, cheio de significados e atemporal, o filme ganhou milhares de regravações e homenagens, mas o original nunca perdeu a magia, muito pelo contrário, pois o filme não parece envelhecer e continua conquistando fãs ao longo dos anos.
Ah, e entre no Google hoje, digite “O Mágico de Oz” e clique nos sapatinhos vermelhos da Dorothy...
Deixo aqui um vídeo da maravilhosa interpretação de Judy Garland para Somewhere Over the Rainbow da trilha sonora do filme:
Espero que vocês tenham gostado do post!
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