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  • Foto do escritorFlávia Oliveira

Gaslight – como o cinema ajudou na construção do termo


Você já foi vítima de gaslighting?


Se não faz ideia do que significa esse termo, eu explico para você: gaslighting é uma técnica de manipulação emocional na qual uma pessoa faz com que a outra se sinta desqualificada ou até mesmo ache que está ficando louca. Ou seja, se alguém fala demais em uma discussão “você está exagerando!”, “você é uma surtada/surtado”, ou faz você se sentir culpado(a) frequentemente por alguma coisa, cuidado, a prática pode estar sendo usada contra você!


Ah, sim, mas o que isso tem a ver com cinema?


Acontece que o termo não existia antes da criação da peça de mesmo nome, de 1938 e das adaptações de 1940 e especialmente da versão cinematográfica de 1944, com a Ingrid Bergman e o Charles Boyer. Gaslighting passou a ser usado desde a década de 60 com o sentido que é usado agora.


Aliás, se você procurar o termo na internet, irá achar cenas do filme de 1944 diretamente associadas . Aqui no Brasil o filme é chamado de À Meia-Luz.


Nesse filme, a herdeira Paula Alquist conhece Gregory Anton e casa com ele. Eles se mudam para a casa da tia dela – uma cantora de ópera assassinada misteriosamente, cujo corpo foi Paula quem encontrou quando era criança. Com eles ainda moram duas empregadas: a primeira trabalha para a família durante muitos anos e a segunda é mais nova, e vive se atirando para o patrão.


Se no começo do filme Gregory parece ser um homem legal e que realmente gosta de Paula, ao longo da história ele se mostra extremamente manipulador, colocando a esposa em situações em que ela sente que está ficando verdadeiramente louca e se sente constantemente culpada a menor discordância do marido. Ela fica confinada dentro da própria casa, enquanto Gregory faz questão de mostrar para Paula o quanto ela está esquecida, fraca e agindo de modo estranho. Também conta para todos o quanto a esposa está doente e até chega a diminuir a luz e o gás da casa deles para fazê-la questionar a própria sanidade (de onde vem o nome do filme, aliás). A única pessoa que estranha o comportamento de Gregory é o detetive Brian Cameron, interpretado por Joseph Cotten.


Ingrid Bergman, para se preparar para o papel, chegou a visitar algumas instituições para saber como uma mulher mentalmente exausta age. O filme lhe rendeu o primeiro de seus três Oscares. A atriz representou com excelência os dramas de uma pessoa que sofre com o gaslighting: ao mesmo tempo em que se torna cada vez mais frágil e com a saúde mental desestabilizada, fica totalmente dependente da pessoa que usa a prática ao seu favor.


Além do Oscar de Melhor Atriz, À Meia-Luz também venceu o prêmio de melhor direção de arte e concorreu nas categorias de melhor filme, melhor ator (Charles Boyer), melhor atriz coadjuvante (Angela Lansbury), melhor roteiro e melhor fotografia - preto e branco.


Vamos ver algumas fotos e vídeos do filme:

Ingrid Bergman
Ingrid Bergman e Charles Boyer
Esse é um dos momentos do filme em que a manipulação de Gregory é mais óbvia
O casal principal com Angela Lansbury, em um de seus primeiros papeis no cinema.
Ingrid com Joseph Cotten
Um dos momentos mais tensos do filme
A luz do lampião: um dos elementos usados para manipular Paula

Mostrando os traumas de uma violência que não deixa marcas visíveis, À Meia-Luz é um filme importante, que envolve um relacionamento claramente nada saudável e suas consequencias trágicas. Existe mais uma reviravolta no filme, mas essa eu não vou contar para que vocês assistam!


Espero que tenham gostado!



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