Hoje seria aniversário do maravilhoso diretor, escritor e produtor Billy Wilder e eu gostaria de relembrar um dos meus filmes favoritos dirigidos por ele, que por vezes fica meio esquecido em comparação a outros clássicos como Crepúsculo dos Deuses (1950), Quanto Mais Quente Melhor (1959) e Se Meu Apartamento Falasse (1960), também dirigidos por Wilder.
Vamos falar sobre A Montanha dos Sete Abutres (1951), protagonizado por Kirk Douglas em de suas melhores interpretações.
Chuck Tatum é um jornalista sem ética ou moral que após ser demitido em Nova York consegue um emprego em um jornal pequeno no Novo México. Após um bom tempo conseguindo apenas pequenas matérias sem nenhuma relevância, ele encontra a oportunidade de sua vida quando descobre que um homem chamado Leo está preso embaixo de uma montanha, um local supostamente amaldiçoado.
Chuck faz de tudo para atrasar o resgate do homem e faz uma cobertura exageradamente sensacionalista, conseguindo atrair a atenção do país todo para o local.
Uma das minhas características favoritas dos filmes do Billy Wilder é justamente a acidez que ele tinha para criticar as situações e aqui estamos em um de seus melhores momentos, mostrando o quanto a tragédia humana pode ser entretenimento para outras pessoas e o quanto disso é causado e divulgado pela imprensa.
Nesse filme temos músicas feitas para o homem soterrado, milhares de pessoas visitando o local para ver o acontecimento, uma festa, ou melhor, um verdadeiro circo ao redor do soterramento de Leo. Absolutamente tudo e todos, inclusive sua esposa, tenta tirar um proveito da situação em que o homem se encontra.
Billy Wilder faz uma ótima crítica a ética do jornalismo, colocando um protagonista detestável e sem escrúpulos, fazendo tudo que está ao seu alcance para conseguir seu prestígio e sair da rotina monótona em que se encontrava.
O filme envelheceu muito bem e se mantém como algo atual, visto que se antes a busca era por manchetes de primeira página, hoje temos muita gente que não mede esforços e não tem escrúpulos para conseguir likes e visualizações na internet.
O sensacionalismo, o modo em que uma pessoa pode se aproveitar de uma tragédia e a busca por um final feliz (mesmo que falso) e como tudo isso é abordado em A Montanha dos Sete Abutres fazem com que ele seja um dos melhores filmes da década de 50.
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